As comunidades de energia são uma forma inovadora de partilhar eletricidade de forma colaborativa e sustentável, onde vários consumidores e produtores trabalham em conjunto para gerar, distribuir e consumir energia renovável. Com uma abordagem descentralizada, o objetivo é reduzir a dependência de fontes de energia convencionais e estimular uma maior utilização de fontes limpas e sustentáveis, como a energia solar ou eólica. ☀️🪁
Uma comunidade de energia é formada por um grupo de cidadãos, empresas, instituições ou até mesmo autarquias, que se organizam para gerar a sua própria energia renovável, partilhando-a localmente. Este conceito está a ganhar força em Portugal e na Europa, especialmente como forma de reduzir a pegada de carbono e aumentar a independência energética.
O que diz a legislação portuguesa?
A legislação portuguesa é relativamente recente neste tema. Em 2019, o Decreto-Lei n.º 162/2019, que regulamenta o autoconsumo coletivo e as comunidades de energia renovável, abriu portas para que grupos de cidadãos possam gerar e partilhar energia dentro de uma mesma área geográfica.
Esta legislação permite que os membros de uma comunidade de energia sejam proprietários ou apenas consumidores de eletricidade, dando flexibilidade para diferentes tipos de participação e investimento.
Como funcionam as comunidades de energia?
As comunidades de energia funcionam com base em três elementos principais: a produção, a distribuição e o consumo de energia. A energia é geralmente gerada através de fontes renováveis (por exemplo, painéis solares ou turbinas eólicas) e distribuída entre os membros da comunidade, que podem estar num raio próximo entre si, como num bairro ou numa pequena cidade. 🌆
1. Produção de energia
A energia é produzida localmente, utilizando fontes como o sol ou o vento, e é distribuída entre os participantes da comunidade. A instalação de painéis solares em telhados de edifícios partilhados ou em terrenos de uso comum é um exemplo prático.
2. Distribuição da energia
A distribuição é gerida por uma rede de baixa tensão, que distribui a energia diretamente aos membros da comunidade. Isto minimiza as perdas associadas ao transporte de eletricidade em longas distâncias e torna o sistema mais eficiente.
3. Consumo e partilha
Cada membro da comunidade recebe uma parte da energia gerada, que pode utilizar para consumo próprio ou até vender o excedente a outros membros da comunidade ou à rede pública. Esta partilha é gerida de forma digital, através de sistemas de monitorização em tempo real.
Tecnologias e ferramentas de gestão das comunidades
Para gerir uma comunidade de energia, é essencial a utilização de tecnologias como:
- Contadores inteligentes: permitem medir e monitorizar o consumo em tempo real.
- Plataformas de gestão de energia: fazem a monitorização do consumo e da produção, permitindo uma divisão justa e otimizada.
- Armazenamento de energia: as baterias podem armazenar o excedente produzido, permitindo que a energia seja usada quando a produção é menor (por exemplo, à noite, no caso da energia solar).
Estas ferramentas ajudam a garantir uma gestão eficiente, onde o consumo é ajustado à produção local, reduzindo desperdícios e permitindo que cada membro da comunidade tenha acesso à sua “parte” de energia de forma justa.
Como é que podem ser aplicadas na prática?
Criar ou aderir a uma comunidade de energia é um processo que pode trazer várias vantagens tanto para os participantes como para o ambiente. Abaixo, exploramos alguns passos práticos para formar ou participar numa comunidade de energia em Portugal:
1. Organizar-se com a comunidade local
Pode ser uma associação de moradores, uma cooperativa de energia ou uma parceria entre particulares e empresas. O importante é juntar pessoas e/ou entidades interessadas em investir e beneficiar da energia renovável.
Se o objetivo é criar uma comunidade do zero, pode formar um grupo de interessados, elaborar um plano de negócios e obter as devidas autorizações junto da DGEG (Direção-Geral de Energia e Geologia).
2. Identificar e avaliar os recursos renováveis locais
É fundamental identificar a fonte de energia renovável mais adequada. Se a localização permitir, a energia solar é muitas vezes a mais acessível e eficiente para pequenas comunidades.
3. Instalação da infraestrutura
A instalação de painéis solares é uma das formas mais comuns de dar início a uma comunidade de energia, mas também há casos onde a energia eólica ou hídrica pode ser utilizada. O investimento inicial pode ser partilhado entre os membros da comunidade e as autarquias também podem dar apoio logístico ou financeiro.
4. Gestão e distribuição da energia produzida
Depois da instalação, é essencial um sistema de gestão eficaz. Em muitos casos, os membros contribuem com uma mensalidade para cobrir a manutenção e os custos de gestão, garantindo que a comunidade funciona de forma eficiente e sem interrupções.
5. Monitorização do consumo e otimização da produção
Sistemas de monitorização, como contadores inteligentes, permitem ajustar o consumo à produção em tempo real. Isto significa que, se a produção estiver baixa, os membros podem optar por reduzir o consumo, promovendo uma maior eficiência.
Vantagens de participar numa comunidade de energia
Redução de custos energéticos
Uma das maiores vantagens é a redução dos custos na fatura de eletricidade. Como a energia é gerada localmente e partilhada, o custo por kWh tende a ser mais baixo do que aquele fornecido por empresas tradicionais.
Sustentabilidade e redução da pegada de carbono
Cada comunidade de energia contribui diretamente para a redução da pegada de carbono ao diminuir a dependência de combustíveis fósseis. É um passo significativo em direção a um estilo de vida mais sustentável.
Maior independência energética
Com uma produção de energia independente, os membros de uma comunidade tornam-se menos suscetíveis às oscilações dos preços do mercado energético, além de reduzirem a sua dependência de redes de distribuição tradicionais.
Fortalecimento do sentido de comunidade
Ao trabalhar em conjunto para gerar energia, os membros desenvolvem uma maior ligação e um sentido de responsabilidade partilhada. Esta cooperação fortalece a comunidade local e promove o envolvimento ativo dos cidadãos em prol do bem comum.
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